Não há dúvidas sobre a existência de uma grande dificuldade em se admitir que o Brasil, mesmo depois de tanto tempo, ainda apresenta muitas características de uma sociedade racista; pois o racismo é visto como um crime cruel e inaceitável, e sendo assim quem gostaria de admitir que é racista?
Porém, muitas estatísticas apresentam a verdade como ela é: muito triste e dura de se engolir. Aqui, negros são chamados de “pretos” (mesmo sabendo que isto já constitui um crime), e quem nunca chamou uma pessoa negra de “moreninho”? Ou então já disse: - ah, aquele senhor “de COR” – como assim “moreninho”? Como assim “de cor”? – quando se usa termos assim, já estamos tentando mascarar o fato de que possuímos um preconceito que não queremos assumir. De outro modo não ficaríamos constrangidos ou perplexos em pronunciar a palavra “negro” abertamente. Parece que se falarmos assim, atrairemos os olhos dos curiosos, pois intrinsecamente o preconceito é latente.
No entanto, é curioso pensar que o nosso país possui mais de uma centena de variações de cor, mas parece que todo aquele que é um pouco mais negro que os demais de um determinado ambiente sofrerá alguma situação de exclusão social. Sabemos disso, mas preferimos não entrar no mérito da questão. As piadas de mau gosto, os olhares dissimulados, os gestos infames, e as ironias lançadas ao vento, para aqueles de boa percepção fazerem suas analogias, tirarem suas conclusões e até, porque não, se divertirem com uma questão que parece tão inofensiva.
- PRETO É BURRO – PRETO É ENROLADO – OH, SERVIÇO DE PRETO –
- TINHA QUE SER PRETO – OLHA SÓ A COR –
Frases como estas rodeiam os mais diversos ambientes na nossa sociedade atual. Como então negar o racismo, o preconceito?
É fato de que são coisas que nos circundam, pois se não existissem, as piadinhas simplesmente não teriam graça, e frases como estas não teriam o menor sentido, pois estariam ultrapassadas.
Até quando continuaremos vivendo de hipocrisia?
Talvez até conseguirmos sentir vergonha das piadinhas, tocar na ferida, discutir abertamente, e enxergar a todos como pertencentes a uma única raça de fato, a raça brasileira.
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